{"id":1833,"date":"2017-01-11T14:59:59","date_gmt":"2017-01-11T14:59:59","guid":{"rendered":"http:\/\/faepe.com.br\/?p=1833"},"modified":"2022-09-26T19:59:07","modified_gmt":"2022-09-26T22:59:07","slug":"nordeste-enfrenta-maior-seca-em-100-anos","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/faepe.com.br\/nordeste-enfrenta-maior-seca-em-100-anos\/","title":{"rendered":"Nordeste enfrenta maior seca em 100 anos"},"content":{"rendered":"

\"imagem-seca\"<\/a><\/p>\n

Reservat\u00f3rios de \u00e1gua da regi\u00e3o t\u00eam, em m\u00e9dia, 16,3% da capacidade de armazenamento; rios e a\u00e7udes est\u00e3o secos<\/p>\n

Valdecir Jo\u00e3o da Silva, de 53 anos, conta os cad\u00e1veres do seu pequeno rebanho que n\u00e3o resistiu \u00e0 fome, \u00e0 falta de \u00e1gua e \u00e0s doen\u00e7as causadas pela desnutri\u00e7\u00e3o. Em uma \u00e1rea afastada da pequena casa onde vive com a fam\u00edlia, ele juntou 12 animais mortos ao longo dos \u00faltimos meses. De alguns, restam os ossos. De outros, mais recentes, os corpos inchados. \u201cMorreram de fome\u201d, resume ele, que prefere deix\u00e1-los aos urubus a enterr\u00e1-los. Ele tenta salvar os 20 animais que restam com mandacaru, a planta s\u00edmbolo do Nordeste. \u201cRa\u00e7\u00e3o n\u00e3o d\u00e1 para comprar, pois est\u00e1 muito cara. O saco de milho que custava R$ 18 h\u00e1 dois anos hoje sai por R$ 65.\u201d<\/p>\n

No sert\u00e3o de Petrolina, quinta maior cidade de Pernambuco, n\u00e3o choveu por 11 meses. Em meados de dezembro, caiu uma chuva forte, mas logo parou. O receio dos sertanejos do semi\u00e1rido \u00e9 de que se repita o ocorrido em janeiro passado, quando a chuva veio forte, \u201csangrou\u201d a\u00e7udes, mas durou s\u00f3 duas semanas.<\/p>\n

\u201cPlantei 60 quilos de milho e de feij\u00e3o, mas n\u00e3o choveu mais e perdi tudo. N\u00e3o deu nem palha\u201d, diz Josilane Rodrigues, de 25 anos, enquanto exp\u00f5e 11 ovelhas em uma feira em Dormentes, a 130 km de Petrolina. Quer vend\u00ea-las, mesmo a pre\u00e7o baixo, por n\u00e3o ter como aliment\u00e1-las.<\/p>\n

\u201cVou vender a qualquer pre\u00e7o porque n\u00e3o quero voltar com eles\u201d, afirma Francisco Agostinho Rodrigues, de 64 anos, que levou \u00e0 feira 23 de seus 60 animais. \u201cA gente vende algumas para dar de comer \u00e0s outras\u201d. A feira semanal de Dormentes re\u00fane, em m\u00e9dia, 3,6 mil animais e atrai compradores da regi\u00e3o e de outros Estados. Em tempos bons, tudo \u00e9 vendido. Agora, em raz\u00e3o da crise e da seca, o n\u00famero de animais expostos caiu \u00e0 metade e muitos voltam para casa por falta de interessados, diz Jo\u00e3o Batista Coelho, da Ag\u00eancia de Defesa e Fiscaliza\u00e7\u00e3o Agropecu\u00e1ria.<\/p>\n

Ap\u00f3s cinco anos seguidos de volume de chuvas abaixo da m\u00e9dia hist\u00f3rica, a seca do semi\u00e1rido j\u00e1 \u00e9 considerada a maior do s\u00e9culo. A regi\u00e3o inclui Alagoas, Bahia, Cear\u00e1, Para\u00edba, Pernambuco, Piau\u00ed, Rio Grande do Norte, Sergipe e o norte de Minas Gerais e conta com cerca de 23 milh\u00f5es de habitantes.<\/p>\n

\u00c1gua. Grandes reservat\u00f3rios do Nordeste \u2013 com potencial de armazenar mais de 10 bilh\u00f5es de litros de \u00e1gua \u2013 operam, em m\u00e9dia, com 16, 3% da capacidade, porcentual que era de 46,3% h\u00e1 cinco anos. Dos 533 reservat\u00f3rios da regi\u00e3o monitorados pela Ag\u00eancia Nacional de \u00c1guas (ANA), 142 est\u00e3o secos.
\nSegundo Raul Fritz, da Funda\u00e7\u00e3o Cearense de Meteorologia e Recursos H\u00eddricos (Funceme), \u201cn\u00e3o se via seca t\u00e3o severa para um per\u00edodo consecutivo desde 1910\u201d, quando dados sobre as chuvas passaram a ser coletados. O Cear\u00e1 \u00e9 o Estado em pior situa\u00e7\u00e3o. Seus reservat\u00f3rios t\u00eam apenas 7% da capacidade armazenada. Nos \u00faltimos cinco anos, choveu em m\u00e9dia 516 mil\u00edmetros no territ\u00f3rio, enquanto a m\u00e9dia m\u00ednima \u00e9 de 600 mil\u00edmetros. \u201cE o Cear\u00e1 \u00e9 o retrato do que ocorre nos demais Estados\u201d, diz Fritz.<\/p>\n

V\u00e1rios rios e a\u00e7udes tamb\u00e9m secaram. Muitos moradores, inclusive em grandes cidades, s\u00f3 t\u00eam acesso \u00e0 \u00e1gua fornecida por caminh\u00f5es-pipa bancados pelos governos federal e estaduais.<\/p>\n

De 2012 a 2015, o Nordeste registrou preju\u00edzos de R$ 104 bilh\u00f5es com a seca. O valor equivale a quase 70% das perdas em raz\u00e3o desse fen\u00f4meno em todo o Brasil, segundo a Confedera\u00e7\u00e3o Nacional de Munic\u00edpios (CNM). Os valores de 2016 ainda n\u00e3o foram contabilizados.<\/p>\n

Em Pernambuco, onde boa parte dos 185 munic\u00edpios est\u00e1 em situa\u00e7\u00e3o de emerg\u00eancia, a perda chega a R$ 1,5 bilh\u00e3o s\u00f3 na pecu\u00e1ria. O rebanho bovino, formado por 2,5 milh\u00f5es de cabe\u00e7as em 2011, diminuiu em 554 mil cabe\u00e7as no ano passado.<\/p>\n

Ainda que caprinos e ovinos tenham sofrido com a estiagem, como os do criador Silva, o rebanho cresceu por ter substitu\u00eddo o gado, que \u00e9 menos resistente \u00e0 seca. O n\u00famero de cabras, bodes e cabritos passou de 1,9 milh\u00e3o para 2,4 milh\u00f5es em quatro anos. O de ovinos saltou de 1,8 milh\u00e3o para 2,4 milh\u00f5es.<\/p>\n

Fonte: Estad\u00e3o<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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