O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe), Pio Guerra, concedeu entrevista à cientista social Elisandra Galvão. Em pauta, o contexto histórico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e os avanços obtidos pelo setor agropecuário nos últimos 50 anos. O gestor possui uma ampla visão da Confederação devido a sua atuação, durante vinte e cinco anos, à frente de cargos de direção da entidade. O encontro foi realizado na sede da Faepe, nessa quarta (13/01).
Pio Guerra falou sobre toda a trajetória política e sindical, bem como o processo de reestruturação da CNA, a partir da década de 1980. Destacou os fatos que marcaram o desenvolvimento da Confederação. Entre eles, a cobrança pela CNA da contribuição sindical, que permitiu a autonomia e independência financeira da entidade, e a implantação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) – que hoje está presente em todo o território nacional.
De acordo com o gestor, essas conquistas foram de fundamental importância para consagrar a Confederação como entidade representante dos produtores e empreendedores rurais. “A CNA é uma espécie de advogado da agropecuária brasileira, por trabalhar fundamentalmente pelos interesses dos agropecuaristas”, enfatizou Guerra.
O material colhido servirá de base para a tese de doutorado da cientista social Elisandra Galvão, doutoranda do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Após concluída, a tese deve apresentar os principais momentos da trajetória da CNA nos últimos 50 anos.
“O depoimento de Pio Guerra foi primordial, porque ele conhece de perto a Confederação e foi um dos presidentes na década de 1980. Ele recordou momentos importantes da história da CNA e do processo de modernização da agricultura no Brasil. Além disso, Pio Guerra, desde cedo, fez parte do sindicalismo rural e assumiu cargos na vice-presidência e diretoria da CNA”, avaliou a cientista social.
História – Criada no Rio de Janeiro, em 27 de setembro de 1951, com o nome de Confederação Rural Brasileira (CRB), e permanecendo sob essa denominação durante treze anos, articulou e coordenou as demandas dos produtores rurais em defesa da produção de leite e de carne, e pelo fim do confisco cambial, que prejudicava as exportações de café, cacau, algodão e carne. O status de confederação sindical, obtido em 1964, permitiu a modificação do estatuto e sua transformação em entidade sindical maior dos produtores agropecuaristas. Ao completar 50 anos, em novembro de 2001, a Confederação Nacional da Agricultura passa a se chamar Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, mas mantém a mesma sigla – CNA, por facilitar a identificação do país de origem nos eventos internacionais e dar nova ênfase à representação da pecuária brasileira, que na época já era responsável por metade do PIB da agropecuária. Atualmente, a CNA representa 2 milhões de produtores rurais e conta com 27 federações estaduais e mais de 2 mil sindicatos rurais filiados ao sistema.