Quatro anos se foram desde que o Nordeste enfrentou, em 2012, a pior das secas em meio século. O semiárido nordestino passou por uma estiagem tão severa que a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) divulgou um relatório, um ano depois, calculando prejuízos da ordem de US$ 8 bilhões com a estiagem prolongada. Uma velha conhecida regional, que fez o país estrear no mapa dos eventos climáticos extremos ao redor do mundo. O IBGE também deu a sua contribuição e identificou que 4 milhões de animais haviam morrido. Chegamos ao início de 2016 e as chuvas, agora, prometem dar uma trégua nas perdas do agronegócio. Nenhuma outra pesquisa sobre o impacto da seca na economia foi feita, mas a situação de emergência ainda permanece. Tanto que mais um decreto (nº 42.222) oficializando a situação alarmante no Sertão foi publicado no Diário Oficial do Estado em 8 de outubro do ano passado, reconhecendo o agravamento da estiagem em 56 municípios. A má notícia é que, em ano de contingenciamento e busca incessante por novas receitas, pouca coisa deve mudar. Presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco (Faepe) e do Fórum das Secas, entidade que congrega 13 instituições empresariais, Pio Guerra conta um “causo” que expõe o desinteresse do poder público em adotar medidas mais enérgicas. Em conversa com a coluna, lembrou da visita feita pela presidente Dilma Rousseff em agosto último, quando ela esteve no Recife com parte do seu ministério para conversar com empresários pernambucanos. O encontro a portas fechadas na sede da Fiepe, em Santo Amaro, contou com gente do agronegócio, da indústria, do setor energético. Alguns representantes foram convidados a falar e o presidente da Faepe optou pelo discurso da seca. O tema não suscitou nenhum tópico – fosse promessa ou projeto – por parte da ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Já a presidente da República limitou-se a dizer que tinha orgulho de ver, do avião, as milhares de cisternas que o governo havia trazido para o Nordeste. Depois disso, alguém ainda aposta em um pacote de soluções, além de rezar para São Pedro?