Campo fértil para a IOT

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A internet das coisas (IoT) é a base do Swamp, projeto para irrigação que une pesquisadores do Brasil, Itália e Espanha

As novas tecnologias em aplicativos, inteligência artificial e internet das coisas (Iot) já chegaram no agronegócio, mas ainda tem um vasto campo para crescer no Brasil. No 27º Agrinordeste, que reuniu produtores, pesquisadores e fornecedores esta semana no Centro de Convenções, em Olinda, o professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), carlos Alberto Kamienski, apresentou a Smart Water Management Platform (Swamp), ou plataforma inteligente de planejamento  de Água, um estudo que reúne o Brasil, a Espanha e a Itália para o uso da IoT na irrigação.

Trata-se de um projeto de pesquisa e desenvolvimento com recursos da ordem de R$4,8 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e de 1,5 milhões de euros dos parceiros europeus. “O Swamp desenvolveu o conceito de um sistema de alta precisão para irrigação inteligente na agricultura, baseado na iot”, explica Carlos Kamienski.

No Brasil, as pesquisas ocorrem na vinícola Guaspari, em são Paulo, e na fronteira agrícola da soja e algodão conhecida como Matopiba que concentra trechos do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O objetivo nesta região é economizar energia na irrigação com instalação de um pivô central ligado a sensores inteligentes, numa fazenda de 700 hectares, pequena em comparação às vizinhas que chegam a ter 40 mil hectares. Na Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal, o piloto será testado em técnicas de gotejamento para melhorar a qualidade das uvas e dos vinhos, conhecendo o solo.

O projeto é desenvolvido com pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, da UFABC, da Faculdade de Engenharia Industrail (FEI), da integradora Lever Tech e do MCTIC e encabeçado no exterior pelo instituto VTT – Centro de pesquisa Técnica, da Finlândia, que selecionou o Swamp e mais dois projetos entre 34 propostas submetidas à 4ª. Chamada Coordenada Brasil-União Europeia em TIC. Os resultados dos estudos e um protótipo que possa ser transformado em produto comercial serão apresentados até outubro de 2020. “Estamos produzindo uma tecnologia que ficará acessível, sem custos, para quem quiser produzir em escala industrial. O código é livre porque contamos com recursos públicos, diluídos entre as instituições parceiras”.

Segundo Kamienski, não há uma solução única, cada local onde o Swamp é desenvolvido tem requisitos e uma operação diferente. “Existe um potencial enorme para melhorias no agronegócio, mas também uma série de desafios”, afirma. Entre eles, criar modelos de irrigação inteligentes e concluir plataformas de IoT. Na Italia, o Swamp tem uma Universidade da Bolonha como parceira e o objetivo de reduzir o desperdício da água. Na Espanha é economizar água numa região árida, onde a irrigação depende de dessalinização feita pelo governo.

Para o diretor geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Daniel Carrara, o produtor rural só consegue ser bem sucedido com práticas de gestão aliadas à tecnologias como a Iot. “Via de regra o produtor não estabelece valor no seu produto e por isso tem que diminuir os custos da produção, gastando menos com equipamentos, insumos e mão de obra e é aí onde começa a tecnologia”, observa. Para ele, na irrigação as novas possibilidades de economizar água são muito bem vindas. “A água para irrigação é cara, pela outorga, independente do clima. No semi-árido ela é necessária para aumente da produtividade e sobrevivência das pessoas e dos animais e em qualquer situação precisa-se da tecnologia, dos sistemas de informação. A agropecuária 4.0 diminui custos e aumentando a produtividade já que o preço do produto final será sempre o mesmo” afirma Carrara.