O impacto da falta de combustíveis na produção agropecuária 

Compartilhe

Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram
WhatsApp
Email

O movimento grevista dos caminhoneiros tem afetado a produção e comercialização agropecuária também em Pernambuco. De acordo com levantamento preliminar feito Federação da Agricultura do Estado (Faepe), inclusive com informações nacionais colhidas pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o bloqueio das estradas e dos transportes tem resultado em impactos imensuráveis para o setor.

Segundo, Pio Guerra, presidente da Faepe, as cadeias produtivas de leite, aves, frutas e suínos estão sendo as mais afetadas em Pernambuco. “As limitações impostas no transporte de cargas têm prejudicado o fornecimento de insumos as propriedades agrícolas, a manutenção do manejo adequado das atividades agropecuárias e a correta distribuição de seus produtos, a grande maioria perecíveis”, informou o presidente.

 

Com as principais rodovias que ligam a Região Metropolitana do Recife (RMR), Agreste e Sertão do Estado bloqueadas, são sentidas perdas diretas em produtos lácteos, pintos de um dia e frutas frescas, dentre outros.

 

De acordo com a Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), a falta de combustível e de caminhões – que estão parados nas estradas, já traz prejuízos para o segmento, com parte da produção estocada nas granjas ou nas estradas. A associação estima, ainda, perda de 15% da produção mensal no Estado, durante os quatro dias de paralisação. Relatos de avicultores  indicam falta de ração em várias granjas.

A exportação de frutas enfrenta ainda mais dificuldades, pois mesmo com a emissão da documentação necessária e com o cumprimento de todo o procedimento legal, o produtor não conseguirá atender o prazo de entrega estabelecido em contrato pelo comprador.

As cargas de manga e uva de produtores-exportadores da região do Vale do São Francisco estão impossibilitadas de sair do município em direção aos portos. As frutas estão sendo mantidas em caminhões frigorificados e os custos com a manutenção da cadeia de frio para as cargas reduz diretamente a margem de lucro do produtor. Desde o início da greve, a região já registrou perda de 25% na produção da semana.

Vale destacar, que não há mais espaço para resfriamento dessas frutas, a partir da próxima semana. Caso a greve continue, o Sindicato Rural de Petrolina estima que a produção de uva e manga do Vale tenha 80% de perda, entre os dias 28 de maio e 01 de junho. Além disso, o abastecimento no mercado interno também já está comprometido.

Abatedouros de caprinos, ovinos e suínos também estão com a produção e o transporte de mercadorias parados, porque os animais não podem ser entregues. Além disso, abates já foram cancelados em diversas regiões do Estado.

Outro agravante se refere à morte de animais nas estradas devido à falta de condições de chegada as unidades de abate.  Depoimentos de produtores afirmam que vários estabelecimentos agrícolas, entre frigoríficos e abatedouros, estão deixando de operar em Pernambuco. Essa é a realidade Frigorífico Monte Alegre, que está com 4 caminhões parados nas estradas estaduais. Entre os animais presos estão cerca de 120 suínos e mais 200 caprinos e ovinos.

Em relação às feiras e exposições agropecuárias, a Faepe informa que muitos estão praticamente sem circulação de animais. A Feira Semanal de Caprinos e Ovinos de Dormentes, que atrai compradores da RMR e do Agreste de Pernambuco, e de outros Estados, já teve a comercialização de 3 mil animais interrompida de 3 mil animais, nestas quinta e sexta-feira (24 e 25), prejudicando o abastecimento de vários estabelecimentos comerciais consumidores.

É imprescindível a redução das elevadas cargas tributárias federal e estadual que tanto impactam a produção pernambucana e brasileira. Por isso, a federação reforça a necessidade de se buscar uma solução definitiva”, enfatizou Pio Guerra.

As informações foram colhidas entre vários sindicatos rurais filiados à Faepe, no Agreste e Sertão pernambucano.