A seca se agrava em Pernambuco

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Artigo

Aloisio Ferraz

A seca se agrava em Pernambuco

Esta situação reina no semiárido em Pernambuco desde 2011, com graves prejuízos para cerca de 10 milhões de pessoas no nordeste e para 20,0% dos pernambucanos. O quadro se agrava e caminha para o desespero de milhares de pessoas que não contam com recursos financeiros e materiais, inclusive para a manutenção e sobrevivência dos seus rebanhos. Os tomadores de decisões não dão sinais para vencer a inércia. Permanecem nas suas zonas de conforto e o sofrimento dos Produtores Rurais se amplia.
O agricultor e a população afetada não têm a quem recorrer, sobretudo porque a questão rural, infelizmente, não sensibiliza nem mesmo a classe política, que surfa no comodismo e na ausência de compromissos para minimizar os problemas que são provocados pela maior seca na história do Nordeste.
É injustificável que o Produtor Rural seja sistematicamente desconsiderado, ainda que o tema venha sendo abordado e denunciado permanentemente há mais de cinco anos, sem que acorram iniciativas governamentais consistentes. Até mesmo iniciativas como o Programa do Milho, para alimentação animal, foram descontinuadas a partir de 2015, sem justificativas consistentes, afetando os produtores. Não se identificam nem mesmo gestos de solidariedade.
Em 2014, o produtor rural pagava por um saco de milho/60Kg, algo como R$ 20,00 ( Programa do Governo). No mercado sertanejo, um saco de milho hoje é comercializado por R$ 70,00, o equivalente a um aumento de 350,00%, injustificável para produtores rurais que não dispõem de receitas até porque os seus animais não estão em condições que permitam a comercialização. O setor público desconhece a importância da agricultura e da relevância que a população rural tem para o equilíbrio econômico e social de Pernambuco. Muitos municípios, sobretudo na área da seca, têm contingentes populacionais expressivos (muito superiores) à simples média que às vezes são utilizadas nos Estudos. Em Pernambuco, por exemplo, a população rural é de cerca de 20,00% do total estadual, no entanto, em 70,0% dos municípios com mais de 10 mil pessoas morando no campo (2010), suas populações correspondiam a mais de 30,0%moando na área rural do município. Em 60,0% deles, município com mais de 10 mil habitantes na área rural, a população rural era superior a 40,0%. A expressão da população rural em muitos municípios ainda é muito relevante, razão pela qual os efeitos das secas assumem grandes e diferenciadas proporções, nem sempre mensuradas. As informações são incompletas, normalmente escondendo o quadro real e os verdadeiros prejuízos provocados pelas secas, inclusive agravando a desnutrição e saúde.
Bodocó, Afrânio, bom Jardim, Caetés, Capoeiras, Casinhas, Dormentes, Frei Miguelinho, Itaíba, Manari, Orobó, Santa Filomena, Santa Maria da Boa Vista, Serrita e Tupanatinga, são alguns municípios com população rurais iguais ou superiores a 60,0%dos habitantes no município.
Vivemos momentos difíceis no campo, e a imprensa divulga o tema com frequência. Falta dinheiro ao produtor rural, falta alimentação para os animais, falta água para o homem e também para os animais, a caatinga vem morrendo em grande proporção e as medidas governamentais não vão além do carro-pipa insuficiente ou dos seguros-safra ou bolsas que atenuem o sofrimento do momento, mais não sinalizam a reestruturação do meio rural com o retorno das chuvas. Os reservatórios, até mesmo os grandes, estão secos – caso de Poço da Cruz/ Ibimirim, Jucazinho/Surubim e Barra de Juá/Floresta – além de outros, eliminando a possibilidade da produção e do emprego, anulando o mínimo de suporte para milhares de agricultores.
Os prejuízos causados aos recursos vegetais (a morte de vegetação natural – a caatinga) ainda que cause impacto, não sensibiliza o Poder Público para aplicação de medidas concreta. Os discursos são inócuos e as ações inexistem. Os agricultores sabem o tanto quanto é difícil uma solução para a problemática das secas, mas não se conformam com a omissão do Poder Público para implementar medidas concretas no campo de estruturação do setor, sobretudo definindo um programa de recursos hídricos no seminário, inclusive com políticas que viabilizem a irrigação. E com possibilidade do retorno do período chuvoso (Jan/ Abr – 2017), o que existe de planejamento para recuperar os prejuízos ? Com a palavra os Governos, em todos os níveis! Ainda é tempo, mesmo com atraso, do Governo sinalizar o que deseja dos agricultores essa peça tão importante para a vida dos municípios e das suas economias.

FOI SECRETÁRIO DE AGRICULTURA, E DE RECURSOS HÍDRICOS DE PERNAMBUCO,
PRESIDENTE DA EMATER-PE, IPA E DIRETOR TÉCNICO DO SEBRAE